Neritina virgínea
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Neritina virgínea
Neritina virgínea
R$ 3,00
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Nome popular: Neritina comum, Neritina virgínea, Aruá-do-Mangue

Nome científico: Neritina (Vitta) virginea (Linnaeus, 1758)

Família: Neritidae

Origem: Ampla distribuição na costa atlântica das Américas, desde a Florida (EUA), através do Golfo do México, América Central, Ilhas do Caribe, até o Sul do Brasil (SC). Também na costa pacífica do Panamá.

Sociabilidade: Grupo

pH: 7.0 a 8.0

Temperatura: 24 a 28ºC

Dureza da água: Dura

Tamanho adulto: 1,9 cm

Alimentação: herbívoro - plantas em decomposição e algas, principalmente as diatomáceas.

Dimorfismo sexual: o macho possui um complexo peniano como nas Ampulárias, e a fêmea possui dois gonoporos, um para a saída dos ovos e outro para a entrada do espermatóforo.

Comportamento: Pacífico



As Neritinas são pequenos caramujos bastante coloridos, originários de mangues / estuários, mas que se adaptam bem a aquários de água doce. Possuem uma concha globosa e semi-esférica, com espira baixa, de aspecto porcelanoso e não-nacarado, com superfície lisa e polida. São excepcionais algueiros, mas têm o inconveniente de depositarem cápsulas de ovos nos vidros, rochas, etc. A maioria dos autores considera duas espécies ocorrendo no Brasil, Neritina zebra e Neritina virginea, embora haja controvérsias (veja texto adiante).


A “Neritina comum” (Neritina virginea) tem uma concha com uma grande variedade de cores e padrões, coloração variando entre vermelho, amarelo-oliva, preto, branco, roxo e cinza. Possui listras axiais retas ou em zigue-zague, mosqueadas ou com aspecto de escamas imbricadas com bordas pretas. Alguns autores relatam uma variação na cor dependente da salinidade, com populações em locais de menor salinidade tendo cores mais escuras e opacas. Em água salobra há predomínio de cinza-esverdeado, enquanto que em água salgada surgem matizes púrpuras e vermelhas. Seu opérculo é preto, eventualmente cinza ou esbranquiçado. Possui tentáculos finos e longos, que podem passar o tamanho do corpo delas em comprimento e só ficam à mostra quando se sentem seguras, normalmente em aquários, com peixes que as importunem, elas mantém os tentáculos protegidos sob a concha, mas quando em aquário específico para elas, deixam seus longos tentáculos expostos.
Reprodução: A reprodução da Neritina virginea já foi bem documentada, é uma espécie que se reproduz em águas salobras, mas pode ser reproduzida em cativeiro com relativa facilidade. A contrário do Neritina zebra, possui o que se chama de desenvolvimento encapsulado não-planctônico, ou metamorfose intracapsular, todo o crescimento da larva se dá no interior da cápsula de ovos, havendo eclosão de um juvenil bentônico, miniatura dos pais, sem uma fase planctônica de vida livre. É uma absoluta exceção dentro da subfamília Neritininae, alguns autores inclusive usam exatamente esta característica (reprodução) para dividir os Neritidae entre os membros das duas subfamílias Neritininae e Theodoxinae.

Assim como outros Neritídeos, a Neritina virginea é uma espécie dióica, que não elimina seus gametas na água, a fecundação sendo interna. O macho possui um complexo peniano como nas Ampulárias. Durante a cópula, o macho fica sobre a fêmea e posiciona-se do lado direito desta, inserindo seu pênis em baixo da borda do manto da fêmea, transferindo o espermatóforo. Após a fecundação, a fêmea deposita os minúsculos ovos agrupados no interior de uma cápsula rígida, aderidas em qualquer substrato disponível tal como madeira, conchas de moluscos, rochas, mas principalmente em folhas caídas de Rhizophora mangle. Elas são brancas assim que depositadas e vão se tornando amareladas conforme o desenvolvimento ocorre, são circulares e medem cerca de 1 mm de diâmetro. As fêmeas depositam várias cápsulas por vez, cada uma delas contendo cerca de 45 ovos. Quando em aquários, utilizam troncos, rochas, plantas de folhas mais resistentes e até mesmo o vidro para depositar suas cápsulas de ovos, muitos brincam que o aquário "está com ictio" quando essas desovas ocorrem.

Todo o desenvolvimento das larvas ocorre no interior das cápsulas rígidas (tanto a fase de trocofore quanto veliger), onde os embriões e depois as larvas ficam imersos em um fluido (líquido albuminoso ou albúmen), isolados do meio externo. É uma adaptação à água doce, um processo semelhante à “Reprodução especializada” dos crustáceos. Após cerca de 12 dias as cápsulas se abrem, liberando "mini-caramujos" miniaturas dos pais, totalmente formados.

Os espécimes acima de 5 mm de tamanho já são considerados adultos e a partir dos 8 meses de vida, aproximadamente 6 mm, a fêmea já começa a desovar. Na natureza o período de desova ocorre durante as secas, o que corresponde de Julho a Dezembro no Brasil, desovas em época de chuvas também ocorrem, porém, com uma frequência muito menor. Tem um período reprodutivo inverso ao do Neritina zebra.
Habitat: Na natureza, estes caramujos são encontrados em estuários e manguezais, onde há ampla variação de salinidade. Como vimos, alguns hábitos reprodutivos estão relacionados e estas variações, funcionando como gatilhos reprodutivos. Ocorrem em ambientes de variadas salinidades, de 0%o (água doce) a 49%o (acima da salinidade do mar), distribuindo-se ao longo destas salinidades de forma relativamente homogênea. Podem ser coletados nos rios muitos quilômetros continente adentro (registros a mais de 10km em Porto Rico). Desta forma, são animais realmente eurihalinos, vivendo bem em uma ampla gama de salinidades. Algumas fontes (de populações do México) citam que são um pouco mais frequentes numa salinidade próxima de 2~3%o. Experimentos em laboratório mostram que o gasto energético dos animais é mais baixo numa salinidade de cerca de 20%o, e são mais ativos nesta faixa de salinidade.

Preferem locais rasos, abrigados das ondas, são mais numerosos entre 20 e 30 cm de profundidade, em locais de substrato macio e inconsolidado. Frequentemente ficam emersos durante a maré baixa, procurando abrigo junto a troncos e rochas. Costumam escalar troncos e raízes aéreas (pneumatóforos) de árvores do mangue. São gregários, formando grandes aglomerações, podendo ultrapassando 12.000 indivíduos/m2.

Alimenta-se de material vegetal em decomposição, com um importante papel na reciclagem de nutrientes. Possui hábitos noturnos. Por viver em locais com ampla variação nos parâmetros físicos, é uma espécie resistente, tolerando amplos valores de oxigênio dissolvido. A tolerância a temperaturas variadas também é grande, sendo encontrado em locais onde atinge 35oC.

Existem registros de migrações em massa destes gastrópodes correnteza acima, por exemplo, em Porto Rico (500 a 3000 indivíduos/m2), mais frequente em períodos chuvosos, e principalmente de indivíduos menores. O motivo destas migrações não é claro.
Manutenção em aquários: É uma das pouquíssimas espécies de animais ornamentais de aquário que pode ser criado indiferentemente em tanques de água doce, salobra ou salgada. São mais comumente vendidas como animais para aquários marinhos, mas podem ser lentamente adaptadas a menores salinidades. A adaptação precisa ser lenta, por serem sensíveis a choques osmóticos. Se a variação for muito rápida, retraem-se nas conchas, podendo até morrer.


São bastante robustos, adapta-se a condições físicas variáveis nos aquários, mas sugere-se a manutenção em águas duras e alcalinas, para prevenir erosões na sua concha. Mesmo na natureza, animais coletados em locais de menor pH (<6,5) mostram sinais mais evidentes de corrosão. A longevidade média em aquários é de cerca de um ano, mas existem registros de animais com mais de 5 anos em aquários públicos alemães.